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Caminho de Santiago da Compostela (Fui)

O caminho de Santiago da Compostela na Espanha sempre me chamou muito à atenção, tanto que quando fui a Portugal em junho de 2011 fui até Santiago da Compostela de Trem partindo de Aveiro até Vigo na Espanha e de lá segui de Oníbus, fazendo o retorno do mesmo modo, onde tive a oportunidade de conhecer a catedral de Santiago e a cidade que é muito linda. Mas faltava algo, ou melhor falta algo, o sonho da caminhada , que derrepênte me parece possível.

Aposentei em junho e passei a fazer caminhadas de seis kms diários com minha personal chamada de "Encrenca" (Cachorrinha ) o que me rendeu três meses depois uma grata surpresa de menos seis quilos de peso e o resultado de exames cardiológicos excelentes, com taxas baixas de colesterol, glicemia e a eliminação de remédio de hipertensão retirado pelo medico.

Logo a seguir no mês de outubro encontrei um amigo de infância,que estava se preparando para fazer a caminhada de 800 kms da França até Santiago e combinamos irmos juntos em meados de maio de 2014. Me empolguei e já estou fazendo 40 a 45 kms de Bike por dia e onze kilos a menos (antes 91, hoje 80 kgs).

Pretendo fazer um relato completo do caminho , inclusive com fotos, afinal é a viagem da vida, e terei muito tempo para estar comigo mesmo, e como sou mistíco, vou meditar muito sobre a vida.



Começa o caminho, parti no dia 22 de Abril de 2014, através da Iberia no voo que partiu as 15:30 horas rumo a Lisboa, aeroporto escolhido para evitar a ponte aerea na volta pelo motivo da viagem terminar em Fatima no dia 13 de maio.








após dez horas de voo chegamos a Lisboa, passamos o dia lá e a noite pegamos uma viagem de trem noturno de dez horas para Madrid, aproveitando o trem como Hotel e tambem porque no trem não se pagava o transporte da Bicicleta do Beto. Fato inusitado aconteceu de madrugada no trem quando o chefe do trem tirou um rapaz do trem pelo cangote do mesmo gritando: Sai do meu trem, sai do meu trem...foi punk, motivo para brincadeira o resto da viagem.Chegamos a Madrid as 09:00 horas da manha, o Beto seguiu viagem para Pamplona onde tinha hotel marcado e nós ficamos um dia em Madrid (pernoitamos em Madrid) para conhecer a cidade (valeu a pena)


Na sexta feira dia 25 saímos de Madrid de trem Bala numa viagem de duas horas de duração para Pamplona onde o Beto nos aguardava para irmos a LoJa de Bicicletas onde compramos nossas Bikes e dali seguimos na Van do Gonzales (taxista que havia acertado para nos levar até Rocenvalles, início de nossa peregrinação. Chegamos a Roscenvalles as seis da tarde, onde fomos recepcionados e fomos para nossa beliche no albergue onde havia mais uns cento e cincoenta peregrinos do mundo todo. De manha oração, café e vamos lá....pedalar....pedalar sem pensar em quantos quilômetros , mas sim pedalar por apenas um dia.

Menos de vinte minutos já estávamos arrastando nossas bikes morro acima no monte do erro, com lama, muito frio, pedras pontiagudas e superação....no alto do morro do erro o primeiro símbolo de homenagem a um japonês que morreu no local, não suportou o esforço e o frio... ficou no caminho...bateu insegurança, mas se morre em qualquer lugar, não estava lá para ser vencido pelo medo, mas para alcançar a superação e o auto conhecimento físico e espiritual...aquelas matas tinham sabedoria....




Encontramos um grupo de brasileiros que nos conta que alguns quilômetros atrás um paulista havia passado mal, e que graças a uns Italianos conseguiram reanima-lo com figos secos , chocolate e agua, pois o mesmo não havia se alimentado direito e subestimou o frio que naqueles dias estava beirando o zero grau, exigindo um esforço cardíaco maior para manter a temperatura e a caminhada.Ainda bem deu certo e o pior não aconteceu com ele.

Nosso primeiro almoço numa tienda no meio do caminho , onde comemos um bocadilho e uevos, e entendemos que banana era cara , ou seja um euro uma unidade (R$3,00), mas enfim após uma jornada de horas chegamos a Pamplona chovendo e sem vagas no Albergue Municipal, nos sujeitamos a uma pousada particular, cara e velha.

Dia 27 saímos cedo de Pamplona pedalando, e logo chegamos a subida do monte do perdão (1050 metros de altitude), muita paciência, força e perseverança... difícil, mas lá em cima foi compensadora a primeira sensação de vitória sobre si mesmo.




Após o Monte do Perdão embalamos descida abaixo por uma carretera (asfalto) chegando a 60km por hora em alguns trechos, era o nosso descanso com o vento devolvendo nossas forças. Foram apenas alguns minutos, logo estavamos novamente no caminho a pedalar, era domingo, chegamos numa cidade pequena e não tinha restaurante, apenas lanches e assim nos alimentamos e novamente caminho. esse dia foram aproximadamente 70 kms de pedal, até chegarmos num albergue em Sansol bem aconchegante, com uma sopa deliciosa e batatas e pimentoes.



Dia 28,saindo de Sansol após o café e vamos para a trilha, logo encontramos um grupo de orientais alegres caminhando ao pé da subida da trilha, cumprimentamos e seguimos adiante, esse dia foi muito cansativo, talvez reflexo do esforço do dia anterior, tanto que só pedalamos 43 km e logo nos abrigamos no albergue em Ventosa la Rioja, estava muito frio, aproveitamos para lavar e secar nossas roupas nas maquinas do albergue, enquanto o João nos fez uma sopa de macarrão que repos nossas energias para o dia seguinte.











Dia 29 saimos cedo de Ventosa de La Rioja após o café, e de volta para a trilha, em direção a Belorado no albergue do brasileiro Fernando (Paraibano) onde encontramos uma dúzia aproximado de peregrinos brasileiros. Foi uma grande alegria.Havia mineiros, baianos, paulistas, catarinenses e muitos gringos.....Uma cidade parada no tempo, com uma casa construída dentro da rocha e o comercio que parava para a sesta as 14 horas e só voltava as 17 horas, como em toda a Espanha.





Dia 30, saímos cedo de Belorado e subimos muito até a parada em San Juan de Ortega, muitos peregrinos descansando lá, e depois continuamos até Burgos onde visitamos a catedral e fizemos o nosso almoço em um restaurante na praça da catedral, encontramos o baiano e uma paulista que estavam na noite anterior no albergue conosco e tinham ido a Burgos de ônibus, porque estavam se recuperando de uma lesão e voltariam a Belorado para continuar sua peregrinação a pé. Nós resolvemos seguir mais vinte quilômetros , pois estava cedo ainda e assim o fizemos, mas na localidade a que chegamos a hospedagem era cara e não havia mais albergues, mas nos indicaram mais três albergues a 5 quilômetros, e para lá seguimos, já se aproximava das cinco horas da tarde quando chegamos aos albergues, mas também não havia vagas e assim seguimos mais 15 quilômetros montanha acima até chegar a Montanas, onde finalmente nos hospedamos já exaustos , pois pedalamos por mais de 80 kms.Resolvemos não mais nos arriscar, a partir desse dia sempre parariamos as 14 horas.





Dia 30 de abril dormimos em hontana, após pedalar 85 km e passar sufoco, pois a primeira cidade após Burgos as 14:00 horas não tinha albergue e o hotel era caro, resolvemos por indicação pedalar mais cinco kms e nessa localidade a que chegamos os três albergues já estavam lotados e assim partimos para a trilha para mais 15 kms de montanha até chegarmos ao albergue da localidade chamada Hontana, onde conseguimos hospedagem. Depois disso resolvemos pararmos sempre por volta das 14:00 horas.


Dia 01 de maio partimos de Hontanas em direção a Carrion de Los Condes, com um acidente no caminho, nosso colega João tomou um tombo na trilha de pedras, e se machucou na testa, no cotovelo, pernas e costela, sorte que estava de capacete, pois as pedras eram grandes e poderia ali acabar nossa aventura.


Dia 02 de maio saimos de Carrion de Los Condes em direção a Sahagun onde almoçamos e nos hospedamos no Monasterio , lá conhecemos um casal de medicos de São Paulo, que Trabalham no Hospital das Clinicas , acompanhados do Pai da Médica, os tres de bicicletas, começaram o caminho em Burgos em razão do pouco tempo de férias.



Dia 03 de maio, lá vamos nós em direção a Leon, aproximadamente 50 kms. Chegamos por volta das 13,00 horas com um dia muito bonito, bom de conhecermos a cidade que é um encanto.Boa hospedagem e muita cantoria por parte dos peregrinos.





Partimos dia 04 de maio saindo de Leon em direção a Astorga, cidade muito simpatica, com uma padaria divina, com seus doces folhados, mas o que chamou a atenção na cidade foi uma casa de repouso ao lado do albergue com muitos idosos saindo para passear no jardim com suas cadeiras de motores eletricos.O albergue era muito bom, moderno e com uma estrutura boa de lavanderia e cozinha pelo preço de cinco euros.




Dia 05 saimos as 08:00 horas com muito frio em direção a Ponferrada, passando nesse dia pela montanha da cruz de ferro que fica a 1440 metros de altitude. Iniciamos o dia partindo por uma estrada chamada carretera e quando já haviamos andado mais ou menos uns cinco a seis quilometros paramos e o Beto resolveu voltar até a cidade para pegar a trilha que subia ao monte da cruz de ferro. O João foi com ele. Eu eo Luiz seguiriamos e nos encontrariamos em Ponferrada, mas o destino ou seja o que for nos pregou uma peça e quando nossos colegas sumiram de nossa frente o pneu da bike do Luiz estava furado. Desmontamos o pneu e fizemos o remendo, quando estavamos montando o pneu parou um senhor com uma bicicleta e nos orientou a voltarmos para traz e pegar uma trilha , pois nos disse que pela carreteira teriamos problemas mais a frente em virtude de tuneis que não daria para passar pois era perigoso. Lá voltamos a cidade e iniciamos a trilha, sozinhos, parecia que haviamos perdido naquela imensidão e começamos a subir, subir, até que encontramos muitos peregrinos numa localidade onde fizemos o nosso almoço e logo descobrimos que já estavamos perto da cruz de ferro. Era para passar por lá.Foi muito emocionante quando cheguei lá, a 1440 metros de altitude, venci o medo da altitude e do esforço de mais de quatro horas de pedal na montanha, uma visão maravilhosa e uma sensação de perseverança e vitória. Nos pés da cruz depositei a minha pedra (cristal) significando os pesos da minha vida, meus erros e pecados . Deixei tambem uma imagem de São Francisco de Assis, que havia prometido a Dona Ditinha carrega-lo e deixa-lo no caminho como homenagem pelos 800 anos que ele fizera o caminho.Confesso que quiz deixa-lo muitas vezes antes pelo caminho, pois parecia que carregava uma fardo muito pesado, mas devia de ser pelos que ele carregava em suas costas.Enfim nesse momento a viagem passou a ter outra leveza.







após o monte da cruz de ferro, cincoenta minutos de descida na banguela de bike, mas não podia deixa-la correr muito para nao derrapar e bater nas pedras do barranco, e assim continuamos nossa viagem....






chegamos a Ponferrada onde pernoitamos.

Dia 06 de maio, saimos de Ponferrada em direção Vega, localidade aos pes do Cebreiro, onde pernoitamos para encarar a subida.



Dia 07 de maio, vamos subir o Cebreiro, saindo dos 500 metros até os 1350 metros , subida de 24 quilometros,cinco horas de pedal...e a paisagem ao redor magnifica, e o encontro no topo com muitos peregrinos, lembrando que nesse local Paulo Coelho teve a sua iluminação, o seu encontro..








Descemos o Cebreiro e chegamos a Castro Maior, agora só faltam 82 kms.

Dia 08 Saimos de Castro Maior em direção a Pedrouzo.





Dia 09 Pedrouzo até proximo a Santiago da Compostela, um pouco antes do Monte do Gozo, num lugarejo pequeno.




Dia 10 saimos cedo em direção a Santiago da Compostela, faltava apenas 18 kms , logo chegamos ao monte do Gozo e as 11:30 estavamos na Catedral para a Missa dos Peregrinos. Chegamos....780 km de aventura em 14 dias....um encontro conosco mesmo, muita reflexão e a certeza que a vida é maravilhosa por si propria sem mais nada...Valeu a ajuda São Tiago...





























Comentários

  1. Parabéns meu amigo, fico feliz por você realizar esse sonho, fique com Deus!

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  2. Que lugares lindos! Experiência única para guardar para sempre na memória e no coração.

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